A catástrofe climática no Rio Grande do Sul, onde enchentes devastaram casas e deixaram muitas pessoas desabrigadas, destacou a baixa cobertura de seguros para alagamentos no Brasil. Menos de 1% das residências seguradas incluem essa proteção específica, conforme dados da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg).

Os seguros habitacionais, frequentemente contratados junto com o financiamento de imóveis, geralmente cobrem alagamentos. No entanto, para a maioria dos seguros residenciais, essa cobertura precisa ser adquirida separadamente. Com a tragédia no Rio Grande do Sul, o número de sinistros registrados pelas seguradoras aumentou, evidenciando a importância de uma cobertura abrangente.

Segundo José Varanda, coordenador de Graduações da Escola de Negócios e Seguros (ENS), a maioria das apólices cobre apenas danos causados por incêndio, raio ou explosão. Para incluir inundações ou alagamentos, é necessário contratar coberturas adicionais.

Enchentes no Rio Grande do Sul
O estado de calamidade pública foi declarado pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, após as chuvas intensas que causaram enchentes severas. Até o último boletim, 151 pessoas haviam falecido e 104 estavam desaparecidas. As seguradoras estão respondendo à crise com forças-tarefas locais para auxiliar os segurados rapidamente.

Acionamento de Seguro
Para acionar o seguro em caso de alagamento, os segurados podem utilizar diversos canais de comunicação oferecidos pelas seguradoras, como telefone, chat online, WhatsApp e aplicativos. É crucial relatar detalhadamente os danos sofridos e conservar os vestígios até a vistoria, que geralmente ocorre em curto prazo.

Durante a vistoria, é útil apresentar orçamentos para reparo, comprovantes dos bens danificados e laudos técnicos em caso de perda total. A documentação necessária para o processo de sinistro inclui RG, CPF, comprovante de residência e número da apólice. A resposta final das seguradoras costuma ser dada em até 30 dias após o recebimento de todos os documentos.

Custos e Coberturas
O custo médio anual de um seguro residencial é cerca de R$ 600, podendo ser mais alto em áreas propensas a alagamentos. Já os seguros habitacionais, contratados junto com financiamentos imobiliários, incluem automaticamente a cobertura para alagamentos.

Gustavo Zanon, CEO da Seguralta, enfatiza a importância de um seguro residencial robusto para evitar prejuízos significativos e destaca a disponibilidade de assistências adicionais, como consertos elétricos e hidráulicos, que podem ser vitais em situações de emergência.

Expansão do Seguro Residencial
Apesar do crescimento, menos de 20% dos domicílios brasileiros estão segurados, uma taxa baixa em comparação com países como Estados Unidos, França e Chile, onde a cobertura é superior a 80%. Segundo Alexandre Camargo, country manager da Assist Card Brasil, a conscientização sobre os benefícios do seguro residencial é fundamental para aumentar a adesão entre os brasileiros.

Em resumo, a recente tragédia no Rio Grande do Sul sublinha a importância de uma cobertura de seguro residencial mais ampla e a necessidade de maior conscientização sobre os benefícios dessas apólices.

Fonte: O Globo